Não tem nada igual. Nada que se
compare nem que tenha a mesma grandiosidade que isso tem. Finalmente poder
rever a minha filha, tão pequena. Meu bem, andando naquela motoca colorida. Eu
choro, corro, sorrio. Ela para, desce do brinquedo e corre até mim. Abre a
boca, com alguns dentes a mais que da última vez, e ouço sua voz, fininha,
gritando “Mamãe! É a minha mãe! É a minha mãe!”. Tudo valeu a pena.
Eu
queria esconder para sempre. Colocar uma faixa na barriga. Desaparecer. Na
verdade eu só queria que meus pais ignorassem. Não contei para ninguém e não
pensava em contar antes de ficar óbvio. Mas minha mãe – sempre sábia,
sensitiva, e outros adjetivos destinados às mães – desconfiou. Fomos pro
hospital da capital, eu seria examinada na presença dela. Tentei desfazer isso
perguntando se ela não tinha alguma coisa para resolver, algumas contas para
pagar...
- Eu tenho, minha filha. Que bom
que você me lembrou. Vou e volto rapidinho.
Deus
do céu, como eu rezei! Pedi mil vezes para que tivesse uma fila interminável no
banco, que ela demorasse, que ela chegasse depois da consulta. Mas isso não
aconteceu. Ela estava comigo no momento em que chamaram meu nome, em que eu
suei e desejei não estar ali.
- Então, doutora. Ela está
grávida? – Houve uma troca de olhares entre mim e a médica. Eu, desesperada, e
a médica, lamentosa.
- Pois é, temos que fazer alguns
exames para confirmar, mas tudo indica que sim.
Não
consegui mais olhar para minha mãe, não tinha mais esse direito. Ao sair do
consultório só chorei, sem parar, compulsivamente.
- Minha filha, por que você não
me contou? Por que não me pediu ajuda?
- Não sei, mãe, não sei.
Desculpa. – E eu não parava de chorar.
Imaginava
a vergonha que minha mãe deveria sentir. Entre seis filhos, sua filha mais nova
foi a primeira a engravidar. Apenas dezoito anos. Menina direita, de boa
família. Numa cidade pequena como Penedo, com que fama a família ficaria? Mas
minha mãe nunca demonstrou nada parecido. Ela foi forte, mais que ninguém.
No
mesmo dia voltamos para casa. Primeiro mamãe contou para meu pai. Eu não tinha
coragem. Ele sempre foi um homem duro. Não sei se ia continuar gostando de mim.
Depois reunimos toda a família. Os três homens e as outras duas mulheres. Eu
ainda não falava.
- Meus filhos, tenho uma notícia
muito séria para dar à vocês. – Tensão - A Mônica está grávida.
- O QUÊ?
As
meninas correram para me consolar e me perguntar como eu tinha deixado aquilo
acontecer, enquanto os meninos gritavam felizes “Vamos ser titios!”, “Teremos
uma sobrinha!”.
Três
dias depois meu pai pediu para que eu chamasse meu namorado para contar a
novidade e para que eles conversassem. César nunca tremeu tanto. Meu pai já
causava medo e nunca teve uma relação boa com os namorados das filhas, mas
naquele dia tudo estava pior.
- Eu caso, eu caso com ela, seu
Nilson.
- Eu sei, você não é nem doido de
não casar. Vai casar sim e o mais breve possível.
Casamos.
Novos e com medo. As fotos do casamento mostram uma felicidade cheia de
preocupação. Depois de mais de um ano do nascimento de Laysa nossa situação
financeira ficou mais difícil. Deixamos a bebê na casa dos meus pais, onde ela
morou por três meses, para procurar emprego em Maceió.
A saudade se
mostrou insuportável. Mas tudo valeu a pena.
Laysa Menezes
8 comentários:
Exatamente assim, mas valeu a pena mesmo ver você agora essa pessoa maravilhosa, inteligente que vc se transformou e que nos enche de orgulho sem perder a doçura de sempre com o mesmo brilho no olhar quando me encontra igual quando soltou aquela motoca. Amo-te demais filha.
Também te amo muito, mãe!!!!!
E isso ai formou uma família linda e abençoada,e a menininha da motoca Deus colocou nos braços de seus pais para presentear a sua família e a todos.
Amamos você Laysa
Amor e sorte, a vida é amor e sorte. Parabéns pela filha, pela família, pela luta.
Naquela época você foi, e continua sendo nosso maior tesouro. Foi difícil mas, sempre soube que tudo ficaria bem.Você é o nosso orgulho.Te amo.
minha família é linda!!!!!!!
você me fez lembrar quando eu te ensinava a reinar no som 3 em 1 que tinhamos no ap do José Tenório, continui assim você é linda, te adoro. Tio elson
own, que história *-* mas você deveria ter dado um título u.u
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