terça-feira, 3 de maio de 2011

Paixãozinha démodé

Mariana, sempre azarada, amou um menino que a amou também. Repetiam um para o outro o que falavam todos os dias para o espelho, para a cadeira, para o computador, com a mesma importância. Era um “eu te amo” quase sincero muito valorizado.

“Eles combinam!”, as pessoas cochichavam baixo o suficiente para que o casal ainda pudesse ouvir. A menina e o menino sempre andavam juntos, se beijavam quando se viam e novamente quando se despediam - “Que fofos!”. Mariana mandava para o suposto amado textos românticos, copiados de agendas de amigas, parecidos com aqueles textos eternos e onipresentes. O namorado pagava sua entrada para o cinema. Eram perfeitos e comuns.

Um dia Mariana sentiu náuseas de ouvir aquela frase gasta (finalmente, Mariana!). Cogitou a possibilidade de terminar a relação, mas era tudo tão bem visto pelos outros. As aparências tinham que ser mantidas e o garoto concordava. Davam as mãos ao andarem na rua, em casa e até acompanhavam o outro até a porta do banheiro. Era afeto, cuidado e amor, acima de tudo o amor.

“Amor coisa nenhuma!”, disse a menina para seu namorado. Não aguentando mais a prisão optada os dois arrumaram um jeito de explicar a separação. Brigaram em público. A causa? Ciúmes, é claro. Há então motivo mais démodé? “É isso que dá amar demais, a pessoa fica possessiva, ciumento. Eram um casal tão bonito...”, comentavam.

É, meus caros, o sonhado que se concretiza é só uma farsa da realidade.

Laysa Menezes

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